
REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE RISCO
Esta é a mais importante das ações. Quanto mais cedo você perceber um problema ou a simples possibilidade de sua ocorrência, mais tempo e espaço você terá para as duas outras ações: DECISÃO e EXECUÇÂO.
Neste ponto, após ter PERCEBIDO o problema, considerando o espaço e o tempo disponível você DECIDIRÁ qual a solução a ser EXECUTADA. Lembre-se que a moto continua rodando, comendo metros e frações de segundo, que podem fazer toda a diferença. Quanto mais rápido você der início à EXECUÇÂO do procedimento, maior será a probabilidade de sucesso.
Já que o problema foi PERCEBIDO e uma solução foi DECIDIDA, se ambas as ações anteriores foram realizadas em tempo hábil e você vinha pilotando mantendo um Nível de Risco adequado, ou seja: com TEMPO e ESPAÇO suficientes para as três etapas: PERCEPÇÃO –> DECISÃO -> EXECUÇÃO, esta é a etapa mais fácil, basta que você coloque em prática a sua habilidade como motociclista para contornar a situação com sucesso
Antes de mais nada, temos que definir o que é risco e como medi-lo. Em se tratando de pilotagem de motocicletas, podemos dizer que risco é a possibilidade de nos envolver em um acidente devido a um PROBLEMA surgido em nosso percurso. Problema este que pode ser óleo, areia, lama ou interdição na pista; veículos quebrados/parados; curvas que requerem velocidades mais baixas; etc... Naturalmente que o piloto, de acordo com seu nível de competência e com a natureza do problema, buscará uma SOLUÇÃO que exigirá TEMPO e ESPAÇO para ser executada com sucesso.
Isto nos permite dizer que, entre o momento em que o PROBLEMA for identificado e a MOTOCICLETA devem existir TEMPO e ESPAÇO suficientes para o piloto executar a SOLUÇÃO (frear, desviar, acelerar ou qualquer outra que julgar adequada).
Portanto, para avaliarmos o Nível de Risco de nossa pilotagem devemos medir os componentes TEMPO e ESPAÇO existente entre a motocicleta e a nossa capacidade de perceber o PROBLEMA. O Nível de Risco aumenta na razão inversa da redução desses dois fatores. Quanto mais reduzido for o tempo e o espaço entre você e o problema, maior será o Nível de Risco de sua pilotagem.
Vamos tentar exemplificar. Imagine que você esteja pilotando, dentro dos limites legais da estrada, em uma reta, e nessa reta exista um veículo acidentado obstruindo a pista. Este problema requer que você encontre e ponha em prática uma solução. Seja qual for a solução encontrada você precisará de TEMPO e ESPAÇO para executar a manobra adequada. A diferença entre sucesso e desastre serão os metros e frações de segundo disponíveis para o procedimento.
A responsabilidade por criar este verdadeiro Espaço Vital é unicamente do motociclista, através de uma postura que deveria ser ensinada antes de qualquer outra coisa e onde três ações devem ser destacadas: PERCEPÇÃO, DECISÃO e EXECUÇÃO.
PERCEPÇÃO:

Não por acaso, os bons pilotos olham 2 ou 3 segundos à frente, antecipando o que será necessário fazer para alcançar aquele ponto. Parece uma coisa difícil mas se você praticar torna-se automático. O seu olhar deve funcionar como a luz dos faróis de um carro: não se fixam num objeto mas sim estão sempre à frente varrendo a estrada. Você deve utilizar igualmente, a visão periférica com a qual perceberá os obstáculos mais próximos sem necessidade de desviar o foco que estará à frente.
Existem exercícios para aprimorar (na realidade aprender a utilizar) a visão periférica, que ajudam muito. Por exemplo, sentado em uma mesa com vários objetos em volta e olhando, sem desviar o foco, um ponto fixo à frente, mover as mãos e pegar os objetos sobre a mesa.
Olhar os veículos que estão bem à frente muitas vezes nos ajuda a perceber obstáculos que a vista ainda não alcança, seja através da luz de freio, algum solavanco, fumaça de pneus, ou mesmo um desvio brusco. Com o tempo, e exercitando sempre, adquirimos uma capacidade de percepção que irá nos livrar de muitos problemas. Animais nas margens da pista, veículos no acostamento ou parados em cruzamentos e interseções devem ser considerados problemas em potencial.
DECISÃO:

Dito assim, parece difícil ou mesmo impossível de ser feito, mas não é. Antes de mais nada, você deve conhecer os fundamentos básicos de pilotagem (Frenagens, Contra-esterço, Olhar, Postura, Curvas em baixa velocidade, etc...) e, principalmente, que você tenha um programa de treinamento que simule situações imprevistas (falaremos disso mais tarde), você vai incorporando manobras e procedimentos de segurança que, pela repetição, seus músculos acabam por memorizar, se transformando em reflexos.
Uma ótima maneira de simular situações de risco em segurança é o chamado Treinamento Mental. Sentado em uma cadeira confortável, em um local sossegado em sua casa, feche os olhos e imagine que está pilotando sua moto. Procure imaginar o som do motor, os pneus girando no asfalto e, de repente, uma situação de risco, por exemplo um carro quebrado após uma lombada. Imagine uma solução e realize as manobras mentalmente. É um ótimo exercício, pois nos leva e desenvolver soluções para as situações mais inusitadas em completa segurança. Mais tarde você coloca-as em prática em um local seguro onde você poderá verificar o espaço e o tempo requerido para sua conclusão, ajudando-o a conhecer ainda mais sua motocicleta.
Uma dica fundamental é que, após você decidir por um procedimento, jamais desista dele. Leve-o até o fim.
EXECUÇÃO:

Além da manobra propriamente dita, existem dois aspectos fundamentais e que não podem ser negligenciados em nenhum momento, especialmente neste: RESPIRAÇÃO e OLHAR.
RESPIRAÇÃO: Como todos que passamos por situações estressantes e recebem uma descarga de adrenalina, tendemos a contrair os músculos, trincar os dentes e bloquear a respiração. Isto é altamente prejudicial em todos os sentidos, pois acaba prejudicando a oxigenação do cérebro e afetando nossos reflexos. O que aprendi é que, em situações como essas, ao PERCEBER o problema, começo a inspirar pelo nariz e expirar pela boca, como um atleta. Isto funciona muito bem comigo, evitando uma elevação dos batimentos cardíacos. Aliás, sempre que vou fazer uma manobra um pouco mais complicada passo a respirar como um atleta garantindo uma oxigenação adequada.
OLHAR: Uma verdade que aprendi é que a motocicleta vai para onde olhamos, é inevitável. Se você olha para o acostamento ou para o carro que vem em sentido contrário, você é atraído para eles como se fossem imãs. Se você está numa curva e deixa de olhar para o ponto onde quer que a moto vá e olhar para a pista contrária, esteja certo de que você invadirá a pista contrária. No presente caso, você identificou um PROBLEMA, DECIDIU o que fazer e está EXECUTANDO a manobra que o livrará do PROBLEMA. Não olhe para o PROBLEMA mas sim para onde quer que a manobra leve a moto pois lá está a SOLUÇÃO !
Olhe para a SOLUÇÃO, jamais para o PROBLEMA !
Naturalmente que a capacidade de executar estas 3 etapas variam de motociclista para motociclista, cabendo a cada um de nós conhecer e estabelecer nossos próprios limites. As diferenças podem se tornar perigosas quando se anda em grupos, pois algumas vezes colocam motociclistas experientes "puxando" o "bonde", obrigando, eventualmente, outros motociclistas pilotarem acima de seus limites.
Um outro aspecto interessante é o Nível de Risco que a pessoa está disposta a assumir. Conheço motociclistas que fazem uma determinada curva a 140 Km/h, no limite. Sei que tenho habilidade e competência para faze-lo mas prefiro contorna-la a 110 Km/h. Tenho como padrão andar entre 70% a 80% do meu limite, deixando uma margem de segurança. Tem sido saudável.
Se eu pudesse dar uma sugestão para meus irmãos motociclistas, diria o seguinte: faça da pilotagem de sua moto um prazer, andando da forma e na velocidade que você julga os mais adequados. Não tema abandonar um comboio se você não está disposto a assumir um Nivel de Risco que não é o seu.
Fonte: http://www.viagemdemoto.com
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